segunda-feira, 24 de maio de 2010

EM TUDO O QUE FAZEMOS NESTA VIDA SEMPRE HAVERÁ DE COMEÇAR PELA PRIMEIRA VEZ.


(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza.


Em Mogi das Cruzes, São Paulo, existe um jornal de grande circulação, chamado “O Diário” que abrande várias cidades, como Suzano, Estudantes e Ferraz de Vasconcelos, entre outras. Numa de suas edições, ou mais precisamente no dia 6 de abril deste ano, na coluna “Caderno A”, do meu amigo e companheiro Chico Ornellas, grande jornalista e também membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, ele fez publicar, a preciosidade que abaixo faço transcrever, na íntegra. Tive o cuidado de mandar para o Ornellas um e-mail indagando se o texto era de sua lavra, ou não, e, se a resposta fosse negativa, se o prezado saberia declinar o nome do verdadeiro autor. Mas o meu amigo Chico, ocupado, como sempre, não me respondeu. Uma pena. Dessa forma, como achei o conteúdo do trabalho muito interessante e, mais que isso, de profundo cunho psicológico, resolvi publicar, até porque, além da simplicidade contida no texto, ele se torna denso e ao mesmo tempo meditativo. Nos leva a parar e a refletir um pouco mais sobre a nossa primeira vez. Em tudo o que fazemos, nessa vida, há sempre a primeira vez. Me perdoe, velho Chico, se não esperei por sua autorização; mil desculpas por não ter insistido com você, num outro e-mail, ou telefonado para a redação. Quero que entenda que o texto me tocou tão dentro da alma, que resolvi correr, pela primeira vez, o risco do colega brigar comigo pela primeira vez; zangar comigo pela primeira vez; me processar pela primeira vez; enfim, pela primeira vez; acho que o meu público, como o seu, tem o direito de compartilhar de momentos bons, de palavras lindas e alentadoras, como as contidas nesse trabalho. Mande notícias, meu velho. Ai vai, portanto, amigo Chico, em sua homenagem, e em nome da nossa amizade, o magnânimo e literalmente perfeito “QUAL A ÚLTIMA VEZ QUE VOCÊ FEZ ALGO PELA PRIMEIRA VEZ?”. Em especial dedico a todos os meus leitores.

Eu nasci pela primeira vez...

Eu falei pela primeira vez, eu andei pela primeira vez, eu corri pela primeira vez; eu caí pela primeira vez; eu namorei pela primeira vez; eu casei pela primeira vez; eu briguei pela primeira vez; eu beijei pela primeira vez; eu assinei um cheque pela primeira vez; eu tive um cheque recusado pela primeira vez; eu tive um titulo protestado pela primeira vez; eu tive um amigo importante pela primeira vez; eu fui importante por um minuto pela primeira vez; eu comprei a credito na Casa Bahia pela primeira vez; eu viajei de avião pela primeira vez; eu fui de subúrbio para São Paulo pela primeira vez; eu subi ao topo do Empire State Building pela primeira vez; eu vi as luzes de Paris pela primeira vez; eu assisti a um show da Brodway pela primeira vez; eu fui ao Museu do Ipiranga pela primeira vez; eu cumprimentei Pietro Maria Bardi pela primeira vez; eu votei em Junji Abe pela primeira vez; eu fumei um cigarro pela primeira vez; eu me apaixonei pela primeira vez; eu recebi um salário pela primeira vez; eu fui demitido pela primeira vez; eu fui promovido pela primeira vez; eu andei de bicicleta pela primeira vez; eu atravessei o Atlântico pela primeira vez; eu paguei um sepultamento pela primeira vez; eu assinei um jornal pela primeira vez; eu tive uma relação sexual pela primeira vez; eu atravessei o Canal da Mancha de trem pela primeira vez; eu andei nas balsas do Guarujá pela primeira vez; eu fui a Niterói de balsa pela primeira vez; eu xinguei o programa do Faustão pela primeira vez; eu assisti “E o Vento Levou” pela primeira vez; eu dirigi um carro pela primeira vez; eu levei uma multa pela primeira vez; eu desobedeci meu pai pela primeira vez; eu fui ao cinema pela primeira vez; eu fui ao teatro pela primeira vez; eu fui a zona pela primeira vez; eu assisti a um strip tease pela primeira vez; eu comi um Bife Esquisito pela primeira vez; eu tomei um porre pela primeira vez; eu fui à praia pela primeira vez; eu vi o mar pela primeira vez; eu namorei em Paquetá pela primeira vez; eu visitei a Cruz do Século pela primeira vez; eu fui a Sabaúna pela primeira vez; eu dancei ao som de Conniff pela primeira vez; eu cantei uma música de Chico Buarque pela primeira vez; eu assobiei o tema de “A Ponte do Rio Kwai” pela primeira vez; eu desfilei em uma escola de samba pela primeira vez; eu subi no Pão de Açúcar pela primeira vez; eu tomei uma caipirinha pela primeira vez; eu torci pelo Corinthians pela primeira vez; eu decidir torcer pelo Corinthians pela primeira vez; eu iniciei um regime pela primeira vez; eu parei de fumar pela primeira vez; eu briguei com um filho pela primeira vez; eu tive uma diarréia no aniversário do sogro pela primeira vez; eu passei de ano pela primeira vez; eu fui reprovado pela primeira vez; eu entrei na faculdade pela primeira vez; eu tive meu emprego pela primeira vez; eu perdi uma namorada pela primeira vez; eu discuti no trânsito pela primeira vez; eu comemorei a vitória do Brasil na Copa do Mundo pela primeira vez; eu chorei a derrota do Brasil na Copa do Mundo pela primeira vez; eu dormi em Roma pela primeira vez; eu acordei em Venesa pela primeira vez; eu tomei cerveja em frente a Catedral de Colonia pela primeira vez; eu comunguei pela primeira vez; eu rezei por São Longuinho pela primeira vez; eu fiz xixi no Hyde Park em Londres pela primeira vez; eu acertei meu relógio pelo Big Bem pela primeira vez; eu torci numa Braz-Col pela primeira vez; eu sai na fanfarra do Liceu Braz Cubas pela primeira vez; eu arranquei um dente pela primeira vez; eu colei na prova de matemática pela primeira vez; eu tomei um uísque sem gelo no La Lícornepela primeira vez; eu reclamei da cerveja quente na Sula pela primeira vez; eu saí na coluna do Mutso Yozhizawa pela primeira vez; eu paguei entrada inteira no cinema pela primeira vez; eu paguei meia entrada de idoso no teatro pela primeira vez; eu marquei encontro na porta do Mappin pela primeira vez; eu fiquei sabendo que papai Noel não existe pela primeira vez; eu acordei domingo pensando que era segunda feira pela primeira vez; eu sonhei que era neozelandez pela primeira vez; eu tomei vacina no consultório do doutor Zenon pela primeira vez; eu peguei uma gripe pela primeira vez; eu tive dor de cabeça pela primeira vez; eu fiquei devendo na padaria pela primeira vez; eu engasguei com espinho de peixe pela primeira vez; eu dei topada na calçada pela primeira vez; eu martelei o dedo pela primeira vez; eu comi caviar pela primeira vez; eu comunguei em Aparecida pela primeira vez; eu bati com a cabeça no poste pela primeira vez; eu comprei um carro pela primeira vez; eu paguei a conta do restaurante pela primeira vez; eu fui hospede do Copacabana Palace pela primeira vez; eu pesquei no Rio Paraguai pela primeira vez; eu pulei no rancho do Náutico pela primeira vez; eu chamei o Carlito de “ceguinho” pela primeira vez; eu confessei com o padre Roque pela primeira vez; eu troquei pneu de meu carro pela primeira vez; eu vendi um carro pela primeira vez; eu sujei na cueca pela primeira vez; eu passei pelo Cemitério de Paraibuna pela primeira vez; eu dormi no Hotel Binder pela primeira vez; eu fui de trem para Aquidauana pela primeira vez; eu subi na cabeça da Estátua da Liberdade pela primeira vez; eu arrematei um boné em um leilão de Wichita pela primeira vez; eu namorei no trem de Madri a Paris pela primeira vez; eu fui pai pela primeira vez; eu fui avô pela primeira vez.

Eu morri pela primeira vez...

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 57 anos é jornalista .
e-mail para contatos: aparecidoraimundodesouza@gmail.om

domingo, 9 de maio de 2010

Mae

Mãe
(*) Texto de Aparecido Raimundo de Souza
(Minha mãe, para mim, é e sempre será o Maior Amor Espiritual (Caderno de Segredos).

Hoje desfilam aqui poetas de todos os cantos do Brasil que homenagearam as suas mães. Vamos começar pela encantadora Silviah Carvalho (de Curitiba, no Paraná) que escreveu estas palavras simples, mas de significado profundo para a Autora de seus dias:
“... Mãe, nome semelhante ao amor,
um “erre” a mais, um “til” que sobrou,
hoje no seu dia, todos se levantam para uma homenagem;
mas poucos, na verdade, lhe direcionam o merecido valor,
como o vento sibilando nas folhas em cálida aragem...

Seu amor, Mãe, é universal – não existe nada igual.
Defende sua prole pondo em risco a própria vida,
ao tempo que nutre um sentimento diferente - chega a ser magistral.
Nos seus braços nenhum filho deixa de ter guarida
e aquele carinho do fundo da alma – único, especial.

Mãe de muitas mães – igualmente querida,
todo dia deveria ser seu, porque nos legou a vida...
E, junto, o respeito, a obediência, o amor e cuidado.
Para nós, seus filhos, o melhor tesouro guardado,
Não deveria, jamais, permanecer no tempo, esquecida.

Sua nobreza – vejo estampado em seu semblante,
sei que o seu amor é acima de tudo mais importante.
Não importa aonde cada um de nós esteja como eu, agora, afastada, distante,
Mas sei - me sente aí, como se estivesse ao seu lado!

Ainda que por todos incompreendida,
Maltratada pela vida e também por quem gerou,
Seu coração grandioso o perdão sempre espalhou...
Ah, mãe, se não fosse por você, o que seria da nossa lida?

Deixo aqui, mãe amada, estas palavras simples, como uma canção,
da sua filha (e dos demais), ainda que não esteja ninguém sentado à sua volta.
Amor, mãe, nem sempre é se fazer presente – ou melhor é se sentir ausente, carente...
Vivendo esse agora nas batidas descompassadas do seu coração:
no fundo, mãezinha fica mais forte e pujante, o calor da emoção!...”;
Esta poesia pode ser vista em “Recanto das letras” (www.silviah.net).

***

A baiana Neuzamaria Kerner também se faz presente e verseja:
“... Ao nascer
a mãe o recebe nos braços
e lhe é dito:
- Tome, é teu, mas cuidado que vôa!
A mãe abrirá os braços
o cobrirá com abraços
e suas asas crescerão.
O menino passarinho passará a pássaro adulto
e voará,
mesmo sem salvo conduto.
Pensará que é pássaro-gigante e
dono do mundo quer se tornar.
Continuará voando
aquém e além dos mares
sozinho ou em pares
e a mãe sempre o aguardando
sempre orando em sua solidão
sem saber se seu passarinho
voltará um dia, ou não”
(do livro “Fragmentos de Cristal” Neuzamaria Kerner).

***

“Optar por um filho é decidir em dado momento ter o seu coração caminhando fora do corpo para sempre”.
(Elisabeth Stone citada por David Cruz Vitória Espírito Santo, em seu livro Fragmentos – Crônicas e
Sonetos).

**

Ser mãe
1
Quando todos te condenarem
quando ninguém te escutar,
ela te escuta e perdoa,
por ser mãe – é perdoar!

2

Quando todos te abandonarem
e ninguém te queira ver,
ela te segue e procura
pois ser mãe – é compreender!

3

Quando todos te negarem
um pão, um beijo, um olhar,
ela te ampara e acarinha
por ser mãe – sempre é se dar!
(José Guilherme de Araujo Jorge, do Estado do Acre)

***

Mãe
A oração que eu rezo,
todos os dias,
ao acordar...

Suave
presença,
idílio constante,
no meu caminhar...

Mãe,
minha estrela guia,
a maior alegria
meu doce sonhar!...

Meu futuro,
meu agora,
minha luz brilhante no escuro,
meu anjo eterno, a me guiar

(*) Aparecido Raimundo de Souza, 57 anos, é jornalista